A atriz participou do Podcast do site Fem TV, durante a divulgação de sua nova série no Canadá

Stana Katic esteve em Toronto para promover sua nova série de TV, Absentia, que estreia no domingo, 21 de janeiro, no canal Showcase. A atriz participou de uma press junket com a mídia canadense e conversou com a Melissa, do podcast Fem TV.

Confira o áudio e a tradução da entrevista em que Stana Katic conta como sua nova série chegou até ela, como a Sony a acolheu como produtora executiva, as  peculiaridades de gravar na Bulgária e o aspecto psicológico de Absentia.

Stana Katic é a estrela da série e também é a produtora executiva, o que discutimos nesse minisódio. Stana estrelou como Kate Beckett na série de sucesso da ABC, Castle, e falamos sobre as diferenças entre gravar uma série como Absentia, que mais se parece com um filme de 10 horas, se comparado ao formato mais episódico de Castle.

Fem TV: Nesse projeto você não é só a estrela, mas também é uma das produtoras executivas. Como essa oportunidade surgiu e por que nesse projeto você sentiu que precisava ser mais do que apenas a atriz?
Stana Katic: 
Ele surgiu da maneira como às vezes surge. Atores que têm um pouco de história na indústria conseguem fazer parte da produção. Mas, claro, a diferença nesse caso foi que a Sony, que meio que trouxe esse projeto à vida, me permitiu e me acolheu em muitos dos elementos colaborativos e criativos da história de um jeito que eu jamais tive a oportunidade. Eu acho isso tão fantástico, estar sentada naquela mesa e estar engajada naquele nível, pois posso participar ativamente no curso da história. Isso foi muito importante para mim. Eu queria me certificar de que se estivéssemos contando uma história, se eu estivesse dedicando esse tempo, que ela seria algo que fosse criativamente desafiadora e emocionante. E que fosse uma história que seria, possivelmente, única no cenário da televisão. Sinto que estamos indo para essa direção, com essa série, em específico.

Fem TV: No primeiro episódio, a sua personagem já supera um grande obstáculo e mostra muita resiliência, apesar de tudo o que ela passou e está prestes a passar. Fale um pouco sobre como alguém adequa, sendo uma pessoa desaparecida que retorna e passa por isso. Ela cometeu esses crimes? Como isso se desenrola nos próximos episódios?
Stana Katic: 
Emily Byrne era uma agente do FBI, ela estava à caça de um dos maiores assassinos em série de Boston e, em algum momento, ela desaparece. A nossa história começa seis anos após esse acontecimento. Enquanto isso, ela é declarada morta, acredita-se que ela havia sido morta pelo assassino em série. Eles acham que a pessoa estava na prisão e estavam prestes a julgá-la. E, bem antes do julgamento, antes do veredito ser lido, o público descobre que ela está viva, que ela foi mantida em cativeiro por todos esses seis anos e que foi torturada. O marido dela acha ela. O que acontece depois disso é que descobrimos, como público, que ele se casou novamente, que o filhinho que eles tinham cresceu chamando outra mulher de mãe, que o pai, um pilar na vida dela, adoeceu e que o irmão passou por um nível de dependência.

Então, começamos com basicamente uma vítima que está tentando compreender tudo o que aconteceu nos últimos seis anos. Todo mundo meio que achou um status quo confortável e ela retornando à vida e a esse mundo desenterrou muitos segredos que essa família peculiar escondeu enquanto ela esteve longe. Aí, passamos para uma história em que ela não está apenas tentando se reorganizar e encontrar o seu lugar nessa família que, de alguma forma, continuou, mas ela está tentando encontrar o lugar dela. Ponto. No mundo, no geral, pois agora ela está sendo forçada a ser uma fugitiva e a defender o próprio nome, em um momento da nossa história.

Fem TV: Achei que as cenas iniciais entre Emily e Flynn foram de partir o coração. Tenho certeza que essa deve ter sido uma das coisas que a fez continuar, enquanto ela estava desaparecida. Então, se reconectar com o filho e, basicamente, ser rejeitada por ele de diversas maneiras… Como esse relacionamento muda ou evolui conforme a história avança?
Stana Katic: 
Definitivamente, você está certa. Eu estava lendo esse ótimo livro, Em Busca de Sentido, de Viktor Frankl, ele é um psicólogo e foi um dos prisioneiros de Auschwitz. Ele fala sobre como as pessoas sobreviveram. Há duas coisas que ele citou como razões e mecanismos que as pessoas que sobreviveram tinham. Uma delas era um motivo para ter esperança. Algo a esperar. Algo em que acreditar e [um motivo] para viver. E isso tinha que ser algo de fora do campo [de concentração]. A outra coisa era um senso de humor muito negro. Achei que isso era muito cativante, pois no caso da Emily era isso mesmo. Era o filho dela. E há algo muito feroz nesse tipo de energia materna, essa capacidade para força e resiliência sobre-humana. E, claro, esse é o caso com todo pai ou mãe, eu vejo isso em pais, também. No entanto, acho que no caso da nossa história foi algo que a manteve em pé, apesar da esperança de que ela se reunisse com o filho. É por isso que é de partir o coração quando ele a rejeita.

Fem TV: Eu diria que há um tema recorrente no primeiro episódio. Tudo sempre remete à água. Muita coisa gira em torno da água, seja como fonte de vida e fonte de felicidade, mas também, potencialmente, como fonte de morte. Imagino que você teve cenas muito intensas gravadas naquele tanque. Conte-me um pouco sobre isso, parecia ser tão desconfortável.
Stana Katic: 
Foi um desafio em alguns momentos, claro. O fato de que uma pessoa seria torturada dessa maneira, sendo levada a correr risco de morte… Foi desafiador interpretar isso e tentar passar o que era necessário para atender essa parte da história. Houve um momento em que estávamos gravando em um lago, no auge do inverno, e a [temperatura da] água estava abaixo de zero. Eu tinha que ir até o meio do lago e fazer uma cena saindo da água. Sinto como se eu estivesse contando muita coisa?! Não estou. E há o elemento do renascimento nisso, o que é muito emocionante. Gravar a cena não foi tão emocionante, mas eu sou louca por adrenalina, então quanto a isso foi divertido. No entanto, todos se preocuparam, eles não querem que você morra, óbvio. Isso seria uma merda, como eles terminariam as gravações?! Não. [risos] Foi desafiador em alguns aspectos, claro. A logística por trás disso era [desafiadora].

Mas o que você falou, esse tema recorrente de água, também é uma conversa para os elementos da psicologia histórica, quando eles falam da água e do seu significado, da emoção profunda e do conceito de renascimento. Se você olhar a água da maneira que a usamos, claro que é uma fonte de vida, como você disse, mas também é uma fonte de ressurreição. Eu acho que essas coisas, talvez subconscientemente, e, possivelmente de propósito, ressoaram em nossa história, pois ela tem muito a ver com a ressurreição e o renascimento.

Fem TV: Eu fiquei um pouco surpresa em saber que tudo foi gravado na Bulgária e que ela se passou por Boston, pois geralmente você vê Toronto ou Vancouver como cidades americanas. Essa é uma das primeiras vezes que eu consigo me lembrar, na minha experiência assistindo TV, que algo foi gravado em um país que você nem imagina, por conta da sua história de produção na TV. Talvez você pudesse falar um pouco sobre trabalhar na Bulgária e os desafios, como a água abaixo de zero naquela cena.
Stana Katic:
Você se surpreenderia e acho que fui agradavelmente surpreendida. Havia um estúdio onde estávamos trabalhando, parecia que estávamos no estúdio da Warner Bros ou da Paramount, exceto que estávamos gravando na Bulgária. Fomos capazes de ter acesso a alguns dos recursos que eles já possuiam. E o motivo de já possuírem tantos recursos é que eles gravaram filmes como todos os 300Os Mercenários. Temos filmes de ação muito lucrativos que já abriram o caminho para histórias como a nossa ir para lá, recursos, equipe talentosa e incrível, além de locais valiosos que já estão prontos, por causa dessas produções anteriores.

E, além disso, há uma qualidade na Bulgária que adicionou valor à história. É um suspense, um suspense psicológico, e há uma história lá que se infundiu à nossa história, de alguma maneira. Como falei recentemente, estávamos gravando em um túnel e ele era usado como, aparentemente, um espaço para armazenar ogivas nucleares, caso eles precisassem usá-las. Também gravamos em uma floresta com lindas bétulas e um prédio bem perto desse lugar era um campo de concentração. Então, essas histórias são muito intensas, falam de pessoas que às vezes tiveram que fazer o impensável para sobreviver. Acho que essa energia se infundiu à nossa história.

Fem TV: O seu papel mais recente e que é de onde as pessoas te conhecerão é Castle, que era mais por partes, com algumas histórias independentes, mas com alguns temas abrangentes. No entendo esse novo projeto é um filme de 10 horas, basicamente. Talvez você pudesse falar sobre essas diferenças de nuance em como você abordou seu papel, no caso de um arco tão longo.
Stana Katic: 
Na verdade, isso foi um desafio para essa história. Gravamos os 10 episódios a qualquer momento, o que significa que pela manhã você poderia estar filmando uma cena do episódio 2, de tarde uma cena do episódio 5 e de noite, do episódio 3. Ou qualquer combinação disso. É um arco extremo para uma personagem, ponto. No entanto, agora, você precisa ficar atenta em que ponto você está na história, como ator, para atender esse arco do personagem. Isso foi um desafio e foi interessante enfrentá-lo. Foi um desafio divertido de assumir. E acho que essa é a diferença, de certa forma, entre histórias seriadas e uma história com final a cada episódio. Há riscos que você tem que correr e tem que estar ciente de qual é ele, naquele momento.

Fem TV: O marido de Emily basicamente segue em frente. Você sente que pode ter havido problemas mesmo antes de Emily desaparecer.
Stana Katic: 
Interessante. Conte-me sobre isso.

Fem TV: Eu senti como se, talvez, alguém não tivesse sido fiel ao outro. Ou talvez, existisse algum tipo de tensão. Mas só pelo primeiro episódio, então, suponho que já havia algum problema entre eles, mas como eles superam isso, agora que há outra… Ele seguiu em frente e dá para perceber que assim que a Emily retorna, ele está lá, do lado dela.
Stana Katic:
Acho que essa será uma jornada interessante para o público. Patrick Heusinger, que interpreta Nick, teve um lindo desafio como ator ao mostrar esse conflito e é algo que se desenrola ao longo desta temporada. Então, estou hesitante em falar muito sobre isso, pois acho que é algo que o público gostaria de acompanhar e ver que o personagem está encarando esse desafio, esse conflito de o que é ter alguém com quem você tinha tanta coisa, de repente, retornar a vida.

Fem TV: Eu observo a personagem da Emily e confio nela. Eu acredito nos motivos dela e para onde ela está indo. Isso continua? Quando os telespectadores começam a questionar os motivos dela? Ou será que ela pode ser parcialmente cúmplice do que está sendo acusada?
Stana Katic: 
Ótima pergunta. Para mim, as histórias mais interessantes que estão por aí no momento são as que circulam em torno do anti-herói. E, apesar de muitas dessas histórias ou muitos desses personagens serem homens, o anti-herói da nossa história é a Emily. Acho que o público vai amá-la, vai ficar bravo com ela, vai torcer por ela e a vai atacá-la. E isso, para mim, é a televisão dos dias de hoje. É uma narrativa convincente. Podemos fazer esse tipo de história na TV a cabo, como a Showcase, onde é possível desafiar os parâmetros da narração um pouco mais. Além disso, de certo modo, faz parte dessa nova etapa da produção da televisão e do cinema, pois a pessoa que é o anti-herói é uma mulher. É emocionante explorar isso e o que isso significa e, até mesmo, para onde seguiremos a partir daqui.

Fem TV: Particularmente, sou muito fã disso e adoro como a indústria está indo adiante, sem se sentir obrigado a fazer todas as personagens femininas simpáticas. Ainda posso torcer para uma personagem e estar interessada em ver o arco dessa personagem, mesmo se essa pessoa não for agradável ou se os motivos dela não forem claros. Eu gosto disso.
Stana Katic:
Isso é típico, também. Estamos observando histórias nas quais queremos ver… A história do Superman era ótima, e ele é genuíno, no entanto, sinto que há um tipo de atrativo que procura um pouco mais pelo Batman. Faz sentido?