A AXN estreou a segunda temporada de Absentia com uma Emily Byrne (Stana Katic) totalmente abalada, tentando recuperar o que sobrou dela e de sua vida

Com os responsáveis pelo sofrimento de seis longos anos fora do jogo, a ex-agente do FBI Emily Byrne deve voltar a vida cotidiana de uma mãe com uma criança cuja infância foi perdida, com um ex-marido que refez sua vida (Patrick Heusinger) e com um trauma impossível não só de esquecer, mas de superar. Para falar sobre a segunda temporada de Absentia e desta mulher muito complexa que é Emily a atriz que dá vida e ela na tela, Stana Katic, esteve em Madrid.

Esta personagem não pode voltar a ser normal. Na verdade, ele nunca foi, ela sempre foi uma personagem do tipo punk rock, mesmo antes de ser sequestrada. Há sugestões e indícios de que ela sempre foi uma personagem muito extrema. Ela nunca colocará um avental e fará brownies. Ela vai querer experimentar, mas sempre será mais punk rock. Mesmo o relacionamento com o filho dela toma esse aspecto,” explica Katic numa conversa com o Público e um pequeno grupo da imprensa. Tanto é que a atriz diz que ao perguntar como Patrick McAuley, seu filho Flynn na ficção, via a sua personagem, ele respondeu que ela era como o Batman e ele como um mini-Batman. Embora a comparação mais justa seria, por estética e aptidão, a de Lisbeth Salander (Millenium).

No relacionamento mãe e filho que Katic descreve como “uma compreensão não verbal, não expressada,” é onde uma boa parte da trama desta segunda temporada será sustentada. A primeira se centrou muito mais na investigação do caso, em encontrar aqueles que sequestraram Emily por tantos anos e em descobrir que tipo de aprendizado sádico estava por trás do tanque de água no qual torturavam a agente e depois Flynn. Com este mistério resolvido, Absentia muda seu ponto de vista e entra em outras áreas.

Emily deve enfrentar seu retorno à sociedade. O período de tolerância que lhe concederam pelas circunstâncias de seu sequestro se esgotou e não serve como desculpa para o passado. Ela deve virar a página e seguir em frente. Ela quer recuperar uma vida mais ou menos normal com seu filho, mas não será fácil. Essa última cena da primeira temporada na cozinha a deixou ainda mais transtornada e é claro que ela está enfrentando estresse pós-traumático. Não é por menos, com tudo o que sofreu.

A Emily que é vista no primeiro episódio da segunda temporada dá uma ideia de que algo aconteceu entre a última cena na casa da família e a primeira em seu novo apartamento. Algo que marcou ainda mais a todos. Os personagens mudaram, mas também o foco a partir do qual a história é contada, que não é apenas o da agente Byrne.

Na primeira temporada, vemos Emily de um ponto de vista muito objetivo. Ela é o mistério. Agora, na segunda temporada, ela é um mistério para si. Vemos como ela tenta encaixar todos estes pedaços de história,” explica Katic, que acrescenta que neste novo pacote de 10 episódios eles apostaram em mostrar “esse transtorno de estresse pós-traumático através de uma maneira pitoresca, indo muito adentro, com movimentos de câmera“. Para a atriz de Castle, tudo isso foi um processo criativo muito interessante, no qual ela esteve duplamente envolvida. Como atriz, mas também como produtora executiva da série. O objetivo final era “tentar descobrir o que essa personagem significava e fazer com que parecesse real“.

A temporada que estreia agora é a segunda, mas já falaram da terceira. Sobre o quão longe Absetia pode chegar, Katic deixa claro que será até a história pedir. Ela, que vem de uma série anterior que durou oito temporadas, argumenta que, como narradora, não quer “estender um processo, se for desnecessário“. É claro, ela promete que “contanto que tenhamos uma história para contar, deveremos contá-la” e considera que, no caso de sua nova temporada, “há muita história para se explorar“.

Os dez primeiros episódios foram muito poderosos emocionalmente e psicologicamente, mas, aparentemente, o início desta segunda temporada será ainda mais. “Há um monte de ação,” adianta-se a protagonista. Ela também reconhece que “a primeira era nova, em muitos aspectos e foi como um processo de aprendizagem. Por isso, foi bom voltar a uma segunda temporada em que já nos conhecíamos e que tínhamos uma cumplicidade. Essa familiaridade facilita, embora o enredo da narrativa seja mais desafiador nesta temporada.

Um dos valores que Absentia fornece como série é a forte carga emocional que ela dá a todos os personagens, não apenas para sua personagem principal. Algo que ela faz sem se esquecer das cenas de ação mais físicas, aquelas para as quais eles contaram com um treinador que trabalhou com o elenco de Game of Thrones. Além disso, como Katic explica, a personagem principal tem muitas facetas. “Ela é muito forte e, ao mesmo tempo, é muito vulnerável e frágil. É interessante, porque ela não é apenas uma anti-heroína, é também uma mãe. Que ser humano não é assim? Todo mundo tem muitas facetas. É interessante explorar isso e ver como ela se relaciona com seu pai, seu irmão, seu filho, com namorados…

Porque, no final, a série não é só protagonizada pela Emily Byrne, mas por cada um ao redor dela que tem a sua própria história; e o roteiro mostra isso, “um grupo de pessoas que passam por uma loucura.” No final, esse estresse pós-traumático que afeta Emily impressiona todos. Porque todos, à sua maneira e em uma escala diferente, também passaram por um evento traumático. Ver como isso afeta cada um e como eles enfrentam isso é onde está a razão de ser de Absentia.

Além disso, se na primeira temporada o caso a ser resolvido era o desaparecimento e o posterior aparecimento do protagonista, nesta segunda, se inicia um novo, com um assassino silencioso e implacável que semeia o terror no país.