A nossa famosa protagonista fala sobre a série um dia antes do grande final de Absentia. Stana Katic é entrevistada pelo site grego, Pop Code.

por Josephine Griva

Vingança é um prato melhor servido na Bulgária, nas gravações da série que pela primeira vez tem o nome dela como produtora. Na série de suspense Absentia, Katic é vítima de tortura e é uma ex-agente do FBI que retorna para retomar a vida dela, após ter desaparecido por 6 anos, enquanto caçava um assassino em série.

Algumas horas antes da primeira temporada ser finalizada, com o episódio final que será exibido na quarta-feira (29/11), às 22h, a atriz contou ao Pop Code sobre o duplo papel que ela interpretou no desenvolvimento da série, o novo modelo de mulher forte mostrado na personagem dela e a liberdade que ela teve no processo criativo.

Conte-nos brevemente sobre a sua personagem.
Emily Byrne era uma agente do FBI que foi sequestrada seis anos antes de nossa história começar e acreditavam que ela estivesse morta. Quando a história começa, Emily volta dos mortos e descobrimos que ela foi torturada por seis anos, aí ela tenta recomeçar a vida. Muito do mundo dela mudou em relação ao passado. O marido dela casou-se novamente. O filho dela cresceu e chama outra mulher de mãe. O pai dela está doente. A série começa daí.

Emily é uma vítima ou uma guerreira? Ou os dois?
Ela sabe como sobreviver. Acho que para sobreviver, você tem que ser uma guerreira. Eu amo isso muito nessa personagem, pois ela passou por algo muito extremo. Ela consegue viver, apesar do que aguentou, ela literalmente passou por tudo. Eu gostei dessa parte.

Você consultou um psicólogo sobre como se sentir ao ser vítima de abuso?
Sim, eu falei com muitos [psicólogos] sobre isso e o roteirista e nossos produtores tentaram fazer algo crível. Essa não é a única história, mas é parte dela, claro. Existe um certo tipo de estresse e de lembrança nas vítimas desse tipo de experiência. Eu não sei se você conhece casos de mulheres sequestradas quando jovens e mantidas presas por uma década. Falei com pessoas que conheciam esses casos, os estudei e tentei interpretar isso o mais realista possível. É interessante, pois gravamos nos Balcãs, e esse local, como descobri, têm uma história impressionante de sobrevivência sob condições incríveis. Eu sinto que o tom é transmitido ao trabalhar em áreas onde os solos viram tanta história que tentou derrubar as pessoas que, no final, cresceram com ela.

O que te atraiu na série?
Eu gosto de pessoas tentando sobreviver. É interessante ver uma guerreira, alguém que não desiste. O que eu não queria fazer era interpretar uma personagem que é apenas uma vítima e está lá para servir outros personagens, como é frequentemente o caso das personagens de mãe ou de esposa. Esta é uma das poucas personagens que vi que é uma mãe e um guerreira. Eu pensei, uau, nós não temos muitas delas na cultura pop no momento. Foi empolgante, porque era moderno. Temos a Katniss e todas essas personagens incríveis que representam um novo modelo de uma mulher forte e agora temos uma personagem que é mãe, que é irmã, que era uma esposa. Vemos todos as camadas que criam uma protagonista forte.

E o que você aprendeu sobre a maternidade?
Eu trabalhei com Patrick McAuley, que interpreta meu filho, e descobri que existe uma enorme tensão entre as mães. Eu assisti a vídeos de leoas e percebi como elas podem ficar violentas quando elas têm que proteger os filhotes delas. Existe um poder que vem do nada e eu vejo isso tanto nas mães quanto nos pais. É impressionante o que as pessoas podem fazer quando a adrenalina está alta. E o que eles estão dispostos a sacrificar pelos filhos deles. Isso se encaixa muito no perfil da personagem.

Você também é a produtora executiva da série. Você tem o poder de formar diálogos e contribuir com as suas opiniões?
É uma experiência interessante, pois, do ponto de vista do ator, aprendemos a ficar muito abertos às mudanças no processo. Do ponto de vista do produtor, estou comprometida com o sucesso da série e em garantir que a minha equipe e meus colegas de elenco se sintam tão confortáveis quanto necessário para chegarem ao melhor nível da capacidade deles. E, é claro, estou dedicada em fazer uma ótima história.

É uma jornada ininterrupta, pois, além da personagem que me atraiu por ser um novo modelo de mulher forte, fiquei atraída pelo fato de que, de alguma forma, estamos fazendo um filme independente para a televisão. Eu fiquei emocionada, pois o cinema independente americano tem algumas das histórias mais interessantes. Você conta uma história que assume riscos, ao fazer filmes independentes do modo que você, muitas vezes, não pode fazer um grande estúdio de cinema, certo?

Isso é o que estamos fazendo aqui simplesmente para a televisão. Você vê a fotografia e é incrível, é muito cinematográfico. Como produtora, é uma batalha diária que tenho para manter a alta qualidade porque, sabe, após 50 dias de gravações, estamos cansados e não contamos a história mais fácil do mundo. Eu tenho hematomas em todos os cantos. Todos os dias eu chego em casa, digo “Meu Deus, onde consegui esse machucado, mesmo?”. Nem consigo pensar com clareza. Eu quero contar a melhor história que podemos com os meus colegas de elenco e, como produtora, olho mais para os detalhes do que olharia se eu fosse apenas uma atriz.

Você era uma produtora desde o início ou isso aconteceu depois? Você estava procurando por algo especial depois de 8 anos de Castle? Qual foi o seu processo?
Foi algo tradicional, meu agente me disse para dar uma olhada no projeto. Eles tinham um relacionamento muito bom com a empresa de produção da Sony e ele foi o encarregado da série na Sony. Então, quando o roteiro foi finalizado, meu agente foi informado e ele me disse para verifica-lo, pois tinha elementos que eu estava procurando para o meu próximo trabalho. Eu tive uma excelente experiência e sorte em poder fazer oito temporadas de sucesso [em Castle], então eu queria ver como eu poderia fazer algo diferente. O que é novo, interessante e inexplorado para mim como atriz?

Assumir o papel de produtora foi também uma nova experiência, pois faço parte do processo criativo. Isso me agrada muito como artista. Como isso pode me tornar completa, essa foi a minha preocupação básica.

Há espaço para a improvisação no set ou enquanto segue o roteiro? Eu pergunto, pois, como produtora, você pode influenciar a sua personagem mais.
Há conversa antes de cada cena, então a série se parece com cinema independente. Se algo não dá certo, há colaboração com os atores, todas as vozes são importantes. Se, por exemplo, um parceiro ficou preso em algum momento, então resolveremos juntos e veremos como podemos nos adaptar. Portanto, existem mudanças que acontecem espontaneamente no set, elas não vêm de locais específicos. A coisa mais maravilhosa desse projeto é que estou trabalhando com atores 100% dedicados à série. Eles vêm com idéias muito legais. O que quer que eles digam, melhora o cenário, melhora a história e vale a pena ser explorado.

Vocês têm roteiristas no set? Eles também ajudam?
Se a mudança é pequena, trabalhamos ela no set. É como as cenas escritas no roteiro, elas foram dadas ao diretor e ao elenco e tentamos construí-la como podemos. Nas mudanças maiores, mandamos o roteiro de volta para ter certeza de que eles concordam.

Como você se sente com o novo processo? Pode ser uma série, mas você só tem um diretor.
Parece que você está gravando um filme, pois você nem grava os episódios da sequência. Gravamos cenas de 5 episódios diferentes em alguns dias, pois estávamos no local. É incomum. Quando começamos, todos os atores estavam se ajudando. Tínhamos 10 episódios para fazer e tínhamos que saber tudo, desde o primeiro dia, pois a história de todos evolui em 10 episódios. É como se tivéssemos feito 3 filmes em um, durante 60 e poucos dias.

Como é o seu relacionamento com o diretor?
Nosso diretor e diretor de fotografia são algo como uma única mente Borg. Eles têm uma maneira surpreendente de capturar a sensação de uma cena. Às vezes, eles a capturam pelo jeito que os atores falam o diálogo e outras, simplesmente através da bela e linda fotografia. Nadav [Hekselman] e Oded [Ruskin] são a dupla dinâmica da série. E há liberdade, temos idéias à medida que avançamos. É como andar pelo nevoeiro e se deparar com uma linda estátua. Você vai discutir e ver o que sai disso.

Qual foi a cena mais difícil, a mais memorável que você achou que fez bem?
Estou constantemente descobrindo coisas novas sobre a minha personagem. Os atores convidados vêm constantemente da Inglaterra, da Bulgária e até da França. Toda vez que eles vêm, eles dão nova energia à cena que você faz com alguém e dá outra base para os elementos da personagem. Então estou constantemente diante da descoberta. É incrível.