Por Nataša Kralj | Fotografia por Jadran Lazic

Tem sido um ano movimentado para Stana Katic, a atriz de 30 anos que nasceu no Canadá, cresceu nos EUA e que tem o coração croata está abrindo o seu caminho por Hollywood. Os pais de Stana imigraram para o Canadá antes de seu nascimento, em uma tentativa de conseguir uma vida melhor para eles e seus filhos, que não estão autorizados a se esquecerem de suas raízes. Eles contaram a seus filhos sobre seu país de origem e os ensinaram a língua croata.

Stana Katic se apaixonou pelo teatro quando criança, mas estudar na Goodman School of Drama, em Chicago, lhe permitiu, ela diz, tomar a decisão mais corajosa de sua vida – ela se mudou para Los Angeles, apesar de não conhecer ninguém lá. Nos primeiros quatro anos, ela conseguiu pequenos papeis em séries populares na TV, como Plantão Médico (ER), CSI: Miami, 24 Horas (24) e Heroes e, então, há alguns meses, ela conseguiu o papel de detetive de homicídios da polícia de Nova York, na série Castle, que estreou em 2009.

No entanto, o ano de 2008 será lembrado por Stana por dois papeis no cinema – o primeiro, na mais recente aventura de James Bond, 007 – Quantum of Solace, no qual ela interpreta uma espiã canadense chamada Corinne Veneau, e The Spirit – O Filme, recentemente lançado em Hollywood, que conta com a participação de Gabriel Macht, Scarlett Johansson e Eva Mendes. E esse é só o começo para Stana Katic…

Stana, você está fantástica e tem uma silhueta perfeita: nessa época de festas, como você resiste aos desafios na mesa?
Eu adoro todos os pratos e seus sabores, muitos ficariam ofendidos se eu não participasse das delícias da culinária da temporada. No entanto, eu sempre tento comer pouco de cada coisa, para que eu não tenha que me matar na academia.

Como surgiu a oportunidade de estrelar em um filme de James Bond?
Eu fui escolhida pelo diretor Marc Forster. Na verdade, eu sempre gostei dele e do roteirista Paul Haggis, então eles me perguntaram se eu queria atuar nesse filme. Daí, eles escreveram a cena para uma espiã Canadense. Paul é Canadense, então, de alguma forma, é uma homenagem ao Canadá. Para mim, foi uma experiência maravilhosa: trabalhar com Marc Forster, que eu considero um dos melhores no que faz e trabalhar no filme que foi filmado, por algumas semanas, em Londres.

Você conhecia os filmes de James Bond quando criança?
Claro! Eles são fundamentais enquanto você cresce, em cada família europeia. E quem pode ser culpado por isso? O mundo de charmosos espiões, grandes carros e espionagem é muito sedutor.

Quem, na sua opinião, é o Bond mais sexy?
Todos são excelentes, são perfeitos, mas, para mim, o melhor é Sean Connery.

Como foi trabalhar com Daniel Craig?
Daniel tem um charme incrível e é muito elegante. A cena que eu fiz com ele ixigia muito, assim, a gravação não dava muito espaço para futilidades. No entanto, ele conseguiu, uma hora ou outra, “deixar escapar” uma piada.

O que te atrai em um homem?
Eu gosto de homens grandes: grandes olhos, grandes lábios, grande sorriso, alto… Meu homem é um lindo cavalheiro, com um grande coração, elegante, clássico com um pouquinho de cara de mau. Algo entre Gregory Peck e George Clooney.

Existe alguma Bond Girl que você goste, em especial, e que você gostaria de conhecer?
Embora eu concorde com a maioria que Ursula Andress foi, absolutamente, a Bond Girl mais bonita, para mim a melhor impressão foi a de Diana Rigg no filme 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade e Eva Green em 007 – Cassino Royale. Provavelmente, porque elas são as únicas garotas por quem Bond se apaixona.

Qual foi a reação da sua família, quando você contou que havia conseguido um papel em uma das franquias mais longas?
Claro, eles ficaram muito felizes, mas eles estão sempre felizes quando eu estou gravando alguma coisa. Eu acho que, para eles, era muito mais importante eu estar trabalhando em Londres e que um membro da família foi viajar comigo.

Falando de sua família, suas raízes estão na Croácia…
Sim, meus pais são da Dalmácia. Meu pai é de Vrlika e minha mãe, dos arredores de Sinj.

Você tem irmãos?
Somos em muitos, todos eles são lindos, altos e inteligentes. A maioria dos meus irmãos estão no ramo da medicina e, por serem muito talentosos e generosos, pensamos seriamente em abrir um hospital em algum lugar da Dalmácia.

Você se lembra de sua primeira visita à terra natal de seus pais?
Sim, eu tinha cinco anos quando fui pela primeira vez para a cidadezinha. Naquele verão, eu me senti como Heidi: eu fiz amizade com as melhores pessoas do mundo, eu brinquei todos os dias, até a minha avó nos chamar, de noite, para ir para casa. Aí, íamos para a cama e, de manhã, começávamos tudo de novo. Quando eu penso sobre isso, agora, não consigo parar de rir. Ir para a Dalmácia é um dos melhores momentos da minha vida. Viajamos, conhecemos muitas pessoas da nossa família e experimentamos a vida no campo.

Qual é a sua melhor lembrança dessas viagens?
Quando eu estava sentada, com a minha mãe, sobre a ameixeira que foi plantada pelo meu avô; ela me penteava e se lembrava de sua infância.

Onde você aprendeu a atuar?
Eu estudei na Goodman School of Drama, em Chicago. Esta é uma escola tradicional de teatro, assim, ficamos em sala de aula de 8 a 11 horas por dia, aprendendo um pouco de tudo – gestos, exercícios de voz, ioga, estudo de cena, máscaras, história do teatro e literatura, e assim por diante. Foi um ótimo curso. Eu aprendi muito.

Quando você decidiu ir para Los Angeles? Quais eram os seus planos e como eles foram diferentes da realidade que você encontrou?
Eu cheguei a Los Angeles no verão, após me formar. Meus pais haviam me dado algum dinheiro e a benção deles e eu passei quatro dias viajando para Los Angeles. Eu achei que eu tinha fechado um bom acordo com uma companhia, mas quando eu cheguei eu vi que não era assim.

Ainda assim, você superou…
Sim, mas não da noite para o dia. Eu vim para Hollywood, mas eu não estou correndo para a glória, mas para a arte. De qualquer forma, eu vim aqui sem um agente, conhecidos e com muito pouco dinheiro. Eu sabia que se eu quisesse ficar, eu tinha que fazer tudo sozinha. Porque, se eu ligasse para meus pais pedindo ajuda, eles iriam me mandar voltar para casa. E, como todos os pais que querem proteger seus filhos, eles gostariam de me ver em um trabalho tranquilo, bem-pago e seguro. Meu pai sempre me dizia: “Seja uma advogada ou uma dentista!

Mas você não ouvia…
Não, eu fiquei e os primeiros meses realmente não foram fáceis. Eu dormia em albergues, às vezes no carro, apenas para não gastar dinheiro. Depois de um tempo, encontrei um emprego – eu vendia móveis em uma loja de departamentos, em Los Angeles – o que foi bom, porque eu ainda podia alugar um apartamento. Pouco tempo depois, conheci meu empresário, com quem eu ainda trabalho hoje, e comecei a entrar no cinema e na televisão.

Você acredita em destino?
Eu acredito que todo mundo é responsável pela sua própria felicidade. Eu acredito que qualquer coisa é possível. Claro, é preciso muito trabalho e força de vontade. Estou convencida de que todos – e eu quero dizer todos – são capazes de alcançar seus sonhos. Então, eu acredito em destino? Não, eu acredito em sonhos e trabalho sério e tedioso.

Há alguns anos, você apareceu em um episódio de Plantão Médico, com Goran Visnjic. Como foi trabalhar com esse ator croata?
Goran é um ator maravilhoso. Eu não digo isso porque é conveniente, mas ele também é muito talentoso, educado, aberto e o tipo de ator de classe. Foi um prazer e uma honra trabalhar com ele. E, além disso, ele tem um senso de humor incrível. O tempo todo, ele fazia eu e os membros da equipe rirem.

Você considera que seu papel na série Castle, na qual você está no elenco principal, seja um ponto de virada na sua carreira?
Esta é uma história sobre um escritor de livros de mistérios, interpretado por Nathan Fillion, e ele, por sua vez, encontra sua musa em uma detetive de Nova York, interpretada por mim. Nós dois, juntos, resolvemos crimes e, durante esse tempo, – embora minha personagem na série nunca admitiria – se apaixonamos um pelo outro. É um conto clássico de amor e ódio. Este é um ponto de virada na minha carreira? Espero que sim. A série é uma grande oportunidade para mim, mas, mais importante, sou muito grata pela minha personagem. Ela é inteligente, complicada, uma mulher autoconfiante que trabalhará com uma série de circunstâncias e por quem um homem está lentamente se apaixonando.

Se chegarmos em seu apartamento agora, o que encontraremos?
Livros por toda a parte. Gosto de ler. Eu tenho um belo apartamento em um edifício do início do século XX. Ele já havia habitado os proprietários do prédio e acredito que eles passaram dias inesquecíveis lá. Eu tenho uma sauna antiga e um bar com ares dos anos 30 do século passado e uma linda iluminação antiga. No meu prédio há bastante história. Há fantasmas de celebridades, como Fred Astaire, Jean Harlow, Cary Grant, e assim por diante. Há cores nas minhas paredes e a mobília é uma mistura de antiga art deco francesa. E, ainda assim, ele é perfeitamente confortável. De um lado, tenho a vista do centro de Los Angeles e do outro, a montanha com as famosas letras brancas de “Hollywood”.

Recentemente, The Spirit – O Filme foi lançado. Conte-nos algo sobre seu papel.
Este é o mais novo filme de Frank Miller, estrelando Morgenstern, uma garota que ajuda o Spirit a encontrar o maléfico Dr. Octopus. The Spirit foi gravado com inspiração nos velhos quadrinhos criados pelo mentor de Frank, o falecido Will Eisner.

Onde você vai passar as férias?
Na praia, com a família, com o sol e relaxando.

Qual é, para você, o presente mais bonito que você pode receber?
Em um inverno, eu estava dirigindo com um amigo, no Canadá, estava muito frio. Paramos em um semáforo e vimos um homem que estava tentando se acomodar nas aberturas da ventilação do metrô, para que ele pudesse dormir aquecido. Meu amigo correu do carro, tirou o casaco acolchoado dele e cobriu o homem, e deu a ele o dinheiro que tinha no bolso. O estranho abraçou meu amigo e, com os olhos marejados, disse “Obrigado”. Eu não sei se eles podem se lembrar da grandeza daquele momento de gratidão e bondade humana, mas algo desse tipo, para mim, é o presente mais bonito.