De passagem por Portugal para divulgar a segunda temporada de Absentia, Stana Katic conversou com o site português  Série da TV, confira. Adaptado por SK:SBR.

A atriz Stana Katic esteve em Portugal para a divulgação e pré-estreia da segunda temporada da sua série, Absentia, do AXN. Conhecida também pelo seu papel em Castle, que lançou sua carreira para o estrelato, a atriz canadense sentou-se para uma entrevista conosco e compartilhou as suas experiências, os desafios do trabalho em Absentia, algumas curiosidades sobre o futuro da série e ainda falou do seu apoio a associação EMA. Leia a entrevista completa, traduzida em português. (Áudio completo, em inglês, no final da matéria.)

Séries da TV (SdTV): Obrigado por se disponibilizar para esta entrevista. Quão longo será o salto de tempo entre as temporadas de Absentia?
Stana Katic:
Acho que são apenas alguns meses, não é muito tempo. No máximo um ano.

SdTV: Como é fazer o papel de alguém que passou por tanta dor e tortura?
SK:
(Risada irônica) É fácil! Não é nem um pouco difícil! Não, claro que é desafiador. Queríamos nos certificar de que ela era baseada em algum tipo de realidade, portanto pesquisamos eventos na história que nos ajudariam a manter esta experiência e as reações da personagem adequadas e reais. A personagem está sofrendo de estresse pós-traumático por causa do tempo que passou no tanque. No entanto, ela é uma sobrevivente de tudo isso, o que é emocionante. Por isso, usamos como referência momentos e eventos como a Segunda Guerra Mundial, as pessoas que conseguiram sair de experiencias como essa como sobreviventes. Entre tantas outras referencias que entraram na conversa entre mim, os diretores, os roteiristas e os produtores.

SdTV: Você ou o elenco têm algum hábito para relaxar depois de um dia de gravação daquelas cenas mais pesadas e sombrias?
SK:
(Risos) Deixe-me pensar. Rakia, sabe o que é? É como grapa. Sabe o que é grapa? É uma espécie de conhaque que eles têm na Bulgária e cada pessoa costuma fazer o seu. Às vezes, depois de um dia louco ou uma cena forte, nos juntávamos e bebíamos algumas doses de Rakia. Isso ajudava.

SdTV: Você tem alguma preparação especial para as cenas debaixo de água?
SK:
Na verdade, não. O diretor apenas queria ter a certeza de que eu não morria durante nenhuma. Portanto, fomos para uma piscina e pensamos como é que as filmaríamos. Apenas para que no dia desse certo, ser corajosa e passar por ela.

SdTV: E qual foi a cena mais difícil de gravar, durante a primeira temporada? Ou a segunda, se puder dizer.
SK: A cena mais difícil… As cenas mais difíceis normalmente são aquelas em que você começa a rir, acredite ou não. Eu sei que é um suspense, mas às vezes acontecem coisas engraçadas no set, por algum motivo. Tipo, um cachorro que não vai na direção certa ou às vezes era para ter lambido a sua mão e lambe a sua perna. Coisas do gênero. Mas as mais difíceis mesmo são quando estou rindo tanto entre as tomadas e você tem que se restabelecer para transmitir o tipo de situação do momento. Há uma cena em que a Emily e a Alice se encontram em casa, na primeira temporada, e me lembro que eu não conseguia parar de rir. E por mim, não faz mal, não está bom, mas não faz mal. Mas quando se está do outro lado, quero ser o mais respeitosa possível e dar espaço para a performance dessa personagem. É horrível quando você ri sem parar.

SdTV: Como você descreveria a Emily?
SK:
A Emily é uma personagem tenaz, com uma garra enorme. Ela é mulher, guerreira, mãe, um ser sexual e vulnerável. Há uma fala que adoro na segunda temporada, e não vou falar spoilers em termos de história, que acho que resume bem esta personagem. É algo que a Emily diz a alguém que ela está consolando. Ela diz, “Não deixe que eles escrevam a sua história por você.” Eu vou só deixar isto. Acho que vai conversar com a audiência ao verem a série.

SdTV: Como você descreveria a segunda temporada para alguém que viu a primeira e está indeciso sobre continuar? Como você a venderia?
SK: Acho que a segunda temporada é de outro nível. Aumentamos a qualidade em muito, sabe. Toda a ação que tivemos na primeira ficou ainda melhor na segunda. Todos os personagens têm arcos de história lindos. Conseguimos explorar a psicologia dos personagens e nem todos tomam boas decisões, há decisões ruins s que afetam todos os outros e é muito entusiasmante explorar isso. Já vi os dez episódios e mandei um e-mail aos produtores dizendo como estou muito orgulhosa de todos os atores e do trabalho deles. Foi um trabalho lindo dos nossos atores regulares. Foi muito legal poder ver isso na tela e estou ansiosa para saber como a audiência responderá. A série acontece em um mundo complexo e é legal ver como tudo levou a esta temporada.

SdTV: Então, podemos esperar uma terceira temporada?
SK:
Estamos discutindo isso na sala dos escritores e as diferentes possibilidades para uma terceira temporada. Por isso, diria que as coisas estão caminhando.

SdTV: Você disse que já viu os dez episódios. É muito diferente quando está gravando de quando assiste o resultado, depois?
SK:
É uma perspetiva muito diferente. Quando se está nela, tTemos que nos comprometer 100% se torna uma experiência muito pessoal e vulnerável. Depois, assistir com o olhar de produtora e editora, é uma coisa completamente diferente. Você tem que pensar como a história avança. Como isso leva a história para a direção que precisamos seguir? Precisamos daquele momento? Isso foi muito legal no dia, mas ajudará a contar a história que precisamos contar? Há cenas fantásticas de todo mundo que são cortadas porque não levam a história na direção certa. No fim das contas, estamos contando um suspense e há uma certa velocidade e ritmo que temos que manter.

SdTV: Você falou da reação da audiência. Sente alguma diferença, já que é raro a série estrear tanto tempo antes na Europa em relação aos Estados Unidos?SK: É uma situação muito pouco comum na história da televisão, mas o cenário está mudando. Qualquer coisa consegue acontecer nesta altura e estamos à frente de como fazer isso de maneira diferente. Desde que começamos a primeira temporada de Absentia, vimos a mesma coisa acontecer: as produções podem começar na Alemanha, ou serem feitas por uma companhia da França e, só uns meses mais tarde, chegam aos Estados Unidos. Hoje em dia, vemos as principais empresas de streaming, como a Amazon ou a Netflix, comprando conteúdo de fora dos Estados Unidos, mesmo não sendo em inglês. Acho que os nossos gostos como espectador não estão baseados lá, mas sim numa troca internacional que cria uma situação maravilhosa e isso será o novo normal na televisão.

SdTV: Agora algumas questões sobre você. Você faz parte da EMA (Environmental Media Association). Como isso começou?
SK:
Para mim, como atriz, é importante ter uma plataforma na qual posso ajudar projetos diferentes. O nosso tempo é limitado e os nossos recursos internacionais também, portanto o meu foco se resume a duas coisas: o bem-estar das crianças e do ambiente. Sempre estive interessada e ligada ao meio ambiente, quer seja pela minha organização sem fins lucrativos ou através do apoio a novas tecnologias e programas internacionais, como plantio de árvores na África e coisas do tipo. Se eu conseguir encorajar as pessoas a criarem um mundo melhor, quer com uma ideia que eles nunca imaginaram ou adquirindo uma tecnologia de que nunca ouviram falar, o prazer é todo meu. Há muitas empresas que não têm o tipo de marketing necessário por trás delas e que podem mudar como vemos o mundo, que conseguem nos oferecer um modo de beber água limpa diretamente da nascente, de pisar na terra com os pés descalços ou de comer comida limpa. Qualquer coisa que seja mais saudável para nós. É um prazer ser a voz destes projetos, programas e produtos. É o mesmo com o bem-estar das crianças. Ser capaz de ajudar, mesmo que de uma forma pequena, a criar melhores cuidados com a saúde e educação para as crianças, acho que não há o que se pensar muito.

SdTV: Você tem algum projeto favorito? Um que te afetou mais que os outros?
SK: Todos eles são fenomenais. Já visitei hospitais pediátricos, fui a orfanatos e me envolvi com as crianças de maneiras diferentes. Já fizemos muito trabalho com projetos ambientais. Então, todos são absolutamente fenomenais. E não há nada mais inspirador do que conhecer as pessoas que trabalham nestes projetos. Uma amiga minha, Francis, está no Corpo de Paz na Zâmbia e as histórias que ela conta, as pessoas que conhece… São algumas das pessoas mais inteligentes na Terra e eles tiram um momento da vida deles, seja um, dois anos ou metade da sua vida para servirem outras… Isso é muito inspirador. Há muito o que podemos ter de volta destas experiências. É muito legal conversar com eles, se envolver com eles, dar uma pequena ajuda, seja da maneira que eu consiga.

SdTV: Sabemos que você sabe falar muitas línguas e fazer inúmeros sotaques. Quais você sabe e prefere?
SK:
(Risos) Acabei de fazer um filme com um sotaque britânico e isso foi desafiante. Temos muitos atores britânicos em Absentia, portanto percebi pelo o que eles passam, quando têm que usar o sotaque americano. Viajei muito. Uma vez aprendi algumas frases em mongol. Mongol parece klingon. Já viu Star Trek? Adoro Star Trek. Adoro. E klingon soa como mongol. É uma língua sem conexão a nada. Não tem bases latinas, germânicas ou eslavas. É a sua própria coisa. Acho que ela tem a ver com grego, mas não tenho certeza. Então eles falavam e eu não tinha ideia do que eles diziam. Te daria um exemplo: se eu e você fossemos ao mercado e eu dissesse, “Vamos ao mercado?” você diria, “Sim”, certo? O modo que eles dizem sim, por lá, é assim… [barulho com a garganta, ouça aqui]. Consegue imaginar como é o resto da língua, baseada nesse som? (rindo).

SdTV: Muito obrigado, Stana, por esta entrevista.