De passagem por Portugal para divulgar a segunda temporada de Absentia, Stana Katic conversou com o blog português New In Tow e contou o que podemos esperar da série.

Não há tantas pessoas assim que conheçam o nome de Stana Katic, a atriz américo-canadense de 40 anos. Porém, grande parte deverá reconhecê-la como Kate Beckett, a detetive protagonista da série Castle, na qual contracenou durante vários anos com Nathan Fillion.

Castle foi indicada a quatro Emmys e teve oito temporadas entre 2009 e 2016. Em Portugal, ela era transmitida pelo canal AXN. Foi no mesmo canal que vimos, no último ano, Absentia, a mais recente série de Stana Katic, na qual a atriz também é produtora executiva.

Uma agente do FBI desaparece, enquanto persegue um assassino em série e a sua morte acaba por ser declarada. Ela acorda vários anos depois com amnésia, quer recuperar a sua identidade e provar que não é responsável por vários crimes de que é acusada. Além disso, todas as pessoas que ela conhecia seguiram em frente.

É esta a premissa de Absentia, cuja segunda temporada estreia no Canal AXN em 26 de março, às 22h30. A NiT entrevistou a atriz em Lisboa, uma semana antes da estreia do novo  capítulo desta história, que foi gravado na Bulgária.

Qual foi o maior desafio ao fazer a segunda temporada de Absentia?
Estamos contando um suspense psicológico e, quando o fazemos, há elementos de ritmo, a forma como se mantêm as reviravoltas na história cativantes, como conquista o público de cena a cena, episódio a episódio… Não é fácil quando é a primeira temporada de um suspense e é ainda mais desafiante quando se trata de uma segunda.

Além de ser a atriz principal, também é produtora executiva da série, você está sempre a pensar nessas duas perspetivas?
Os atores são, basicamente, contadores de histórias. E os que eu admiro mesmo pensam numa história como um todo. Trabalhei com alguns que conseguem se distanciar o suficiente do enredo para saber como é que aquele personagem serve a história de determinada maneira. Ou seja, é sempre importante que os atores consigam olhar para as coisas de ambos os lados. E, como produtora executiva, houve momentos em que pude falar com os realizadores e contribuir com as minhas ideias. É um processo colaborativo.

Sabemos que é um suspense pesado e tenso, mas quais foram os momentos mais divertidos das gravações?
Não sei, tenho que pensar nisso. Todos os dias são divertidos. Às vezes, fazer um suspense é uma comédia nos bastidores. É preciso equilibrar: você grita, chora e precisa escapar disso para poder dormir à noite. Passamos um bom tempo juntos, os nossos diretores são hilários.

De que maneira?
Há uma cena, na segunda temporada, em que tenho de quebrar um vidro na cabeça de alguém e todos estavam preocupados: “Será que isto vai dar certo?” E o diretor: ‘É claro que vai, não vai machucar ninguém.” E ele disse que podíamos testar nele. E, então, nos reunimos e até gravamos o momento da atriz testando na cabeça do diretor se quebrar o vidro daria certo. “Bem, sim, dói um pouco.

Então, como é que gravaram essa cena?
O ator que levou o golpe é muito forte e conseguiu aguentar [risos].

Olhando para a segunda temporada, o que é que os fãs podem esperar? Quais são as maiores diferenças?
É outro nível, com um grande grau de interpretações, há várias revelações sobre os personagens que vão chocar os fãs e é um processo lento. Vamos introduzindo ideias e vai ser interessante ver o que os fãs absorvem, os easter eggs que os diretores deixaram ao longo da série. Vamos ver se eles conseguirão ligar todos eles, antes que cheguemos ao fim. Adoro ver as teorias dos fãs e será interessante descobrir para onde é que eles penderão desta vez. Algumas delas são bastante boas – o público é bem inteligente hoje em dia. É cada vez mais difícil termos a certeza de que estamos contando uma história desafiante, que vai surpreender as pessoas. Também acho que esta temporada vai ter mais ação e, apesar de a história ser baseada em Boston [nos EUA], ela vai se mudar para a Europa e isso é novo para nós. Adoro o tom europeu que temos, como os antigos edifícios, a fotografia que conseguiu retratar essa parte da história.

A série foi filmada na Bulgária, não foi? Porquê na Bulgária?
Não estive envolvida na decisão, mas olhando para trás, percebo o quão valiosa foi. Há elementos na Bulgária que ainda são bastante medievais e que se ajustam a este suspense psicológico que é bastante obscuro. A nossa história sempre teve a intenção de ser algo mais parecido com uma história em quadrinhos, como, por exemplo, o filme Seven — 7 Pecados Capitais. Ela se passa numa cidade, mas não é realmente aquela cidade. É como se fosse uma versão de história em quadrinhos daquela cidade. Absentia foi feita nessa mesma linha e acho que a Bulgária se encaixava bem. As gravações duraram uns quatro meses e meio.

Qual é a maior semelhança entre você e a Emily? E a maior diferença?
Não sei, ouvi dizer que somos parecidas [risos]. Não sei. Sei que a admiro, que tem tenacidade e força, e ela conseguiu superar algo que é realmente extraordinário. Admiro essa resiliência e por ter conseguido passar aquele trauma. Mas acho que eu seria muito mais covarde do que ela. Ela passou por aquilo tudo. Eu simplesmente dizia: “Ok, está feito, vamos acabar com isto.” [risos].

Apesar de ter nascido no Canadá e de também ter nacionalidade americana, você tem origens croatas e de outros países dos Balcãs. O que você recomendaria que alguém que estivesse de visita fazer lá?
Os Balcãs têm um dos recursos de água mais limpos da Europa. Beber água de uma nascente de montanha que é tão alcalina… Você se sente como se estivesses recebendo todos os minerais que o seu corpo pode precisar para os próximos dias. Eu não consigo passar pela região de onde vem a minha família sem beber um copo de água da nascente. Além disso, a comida é bastante orgânica, ela é feita de uma forma natural. É saudável. As pessoas são lindas e simpáticas, embora um pouco tímidas. Há grandes festas em todos os locais porque há um forte lado boêmio nos Balcãs. Como gravamos na Bulgária, pude passear por todos aqueles países. Nesta temporada me aconteceu uma coisa muito legal.

O quê?
Adoro o som da gaita de foles. E a minha equipe descobriu isso. Então, quando terminamos a temporada, a equipe de figurinos me comprou uma gaita de foles. E foi extraordinário: o meu avô costumava tocar gaita de foles. Foi mesmo emocionante, foi um presente tão pessoal. E depois fizemos uma festa de despedida e eles contrataram uma banda de gaita de foles de uma das regiões mais antigas da Bulgária para tocarem para todos. E me identifico tanto com aquela música.

E você costuma tocar a gaita de foles?
Toco às vezes, mas sou terrível [risos]. Mas, também, mais ninguém ouve. É bastante intenso mas é só para mim, é uma coisa pessoal e boba que gosto de fazer.

Você gravou recentemente um filme, Liberté: A Call to Spy. Do que ele trata?
Sim, foi no ano passado, é baseado na história de três mulheres que estavam trabalhando contra os nazis na Segunda Guerra Mundial. Interpreto uma personagem chamada Vera Atkins, que era amante de um espião, que estava baseada na Inglaterra. Eles estão tentando lutar contra os nazistas na França. O Ian Fleming, que escreveu os livros do James Bond, conheceu a Vera, ele dizia que, no mundo dos espiões verdadeiros, a Vera dominava. E acho que ela pode ter inspirado alguns elementos nas histórias do Ian Fleming.

Foi isso o que mais a atraiu para a história?
O que me atraiu mais foi que… eu só ouvi falar da Segunda Guerra Mundial pelos meus avós e bisavós, sabe? Consigo viajar pela Europa e ver os efeitos residuais da guerra. Foi um tempo de cataclismo na história europeia. Mas as pessoas tiveram momentos de heroísmo, estavam fazendo atos corajosos, o que é extraordinário. Numa época em que o risco de as pessoas serem verdadeiras aos seus princípios morais era questão de vida ou morte, e ainda assim não alterarem a sua forma de agir e pensar, é excepcional. E por isso queria fazer parte de uma história que refletisse isso.

Adaptação: SK:SBR.